sábado, 9 de agosto de 2014

PRESENTE DE XAXADO PARA JOÃO GRILO E CHICÓ CONTADO POR BRINCANTES DO BOI CALEMBA.

 "PRESENTE DE XAXADO PARA JOÃO GRILO E CHICÓ  CONTADO POR BRINCANTES DO BOI CALEMBA"
Um texto adaptado pelo professor de Artes Max Daniel Alves Bezerra


RELEASE DA APRESENTAÇÃO

Este pequeno texto foi escrito pelo professor de Arte/Ensino de Teatro Max Daniel Alves Bezerra.
 
O objetivo do texto é transmitir em literatura de cordel de forma dinâmica, o máximo de informação sobre nossa cultura popular nordestina e a importância literária relevante de Ariano Suassuna dando ênfase ao Mateus, Birico e a Catirina,   brincantes do Boi Calemba, colocando como narradores de uma história de uma cidade encantada cujo maior tesouro é o xaxado,  uma dança típica nordestina, cuja  origem foi ligada diretamente ao Cangaço especificamente por Lampião e seus companheiros por volta dos anos vinte do século XX.
A história traz ainda dois personagens famosos da obra literária "O Auto da Compadecida" do autor, dramaturgo, romancista, ensaísta e poeta  Ariano Suassuna (in memorian) João Grilo e Chicó,  que saem da literatura, do teatro e dos filmes  e vem buscar o tesouro do xaxado nesta cidade escondida  no meio do mato.
Um dos momentos mais marcantes do enredo é quando os brincantes recebem um aviso de um anjo que diz que a cidade só aparecerá juntamente com o grupo do xaxado quando João Grilo e Chicó recitar a poesia de Ariano Suassuna chamada "Lápide".
João Grilo e Chicó acatam a decisão divina e recitam a poesia fazendo com que a cidade apareça e o grupo de xaxado, (o maior tesouro), dancem e envolvam a todos.
 
XAXADO DANÇA TÍPICA DO NORDESTE BRASILEIRO
BRINCANTES DO BOI CALEMBA: MATEUS, BIRICO E CATIRINA
Matheus Nachtergaele e Selton Mello vivem os hilários nordestinos João Grilo e Chicó
 
MATEUS: Ó Deus criador onipresente
Pai dos homens   de talento
Vem clarear o firmamento
para contar uma história
que intrigou o meu pensamento

BIRICO:É a história de uma cidade
que dizem ser encantada
onde só existe cultura e felicidade
e é pelo povo muito falada

CATIRINA: escondida no meio do mato
onde  todos a procuram
Na  procura de um xaxado
um tesouro  aculturado

MATEUS: E o afoito do João Grilo
Do Auto da Compadecida
Buscava esta cidade de uma forma ensandecida
Querendo ver o xaxado uma dança desconhecida

(Aparece João Grilo)

JOÃO GRILO: Já cheguei...
Eu sou João Grilo tido como cristão
Que nasceu antes do dia
Me criei  sem formosura
Onde de tanta  sabedoria
Morri  depois das horas
Pelas artes que fazia

BIRICO: Tu é muito sabido e desalmado
Pois em busca de uma cidade encantada
Buscas o tesouro do xaxado
Numa  cidade desconhecida  e acalorada

JOÃO GRILO: Pois é...prá achar esta cidade
e apreciar o tesouro do xaxado
pedi permissão a Ariano Suassuna
em busca deste achado

CATIRINA: Vixe Maria! Tu escafedeu?!
Num tás sabendo que Ariano Suassuna morreu?

JOÃO GRILO: Morreu nada, gente boa
Ele só foi morar com Jesus
Quem sabe se lá no céu
Vai ter literatura, poesia e teatro com um tema  de uma cruz?!

(Entra Chicó)

CHICÓ: Ôooopa...cheguei
Saí do Auto da Compadecida prá vim atrás de tu
Também quero conhecer este bendito xaxado
Quero morar nesta cidade e não mais em Caruaru

JOÃO GRILO: Onde tô esta prejura aparece
Chicó tu és um infeliz das costa ôca
Me achou nem bem o dia amanhece
De tão apressado acabou perdendo a touca

MATEUS: Parem de brigar João Grilo e Chicó
Prá achar esta cidade tem que ter bom coração
Tem que ter bom pensamento e fazer muita oração
apelar para Nosso Senhor e Nossa Senhora
Porque senão o achado demora

BIRICO: Acabei de receber uma mensagem de um anjo
que diz que prá achar a cidade encantada e o xaxado
Tem que recitar uma poesia de Ariano Suassuna chamada "Lápide"
Vamos João Grilo, deixe de ser acanhado

CATIRINA: Vamos João Grilo e Chicó
Comecem a recitar
Façam logo sem demora
Percam a vergonha e comecem logo a falar
Foi um anjo que mandou que veio do céu donde ele mora

LÁPIDE

JOÃO GRILO: Quando eu morrer, não soltem meu Cavalo
nas pedras do meu Pasto incendiado:
fustiguem-lhe seu Dorso alardeado,
com a Espora de ouro, até matá-lo.

CHICÓ: Um dos meus filhos deve cavalgá-lo
numa Sela de couro esverdeado,
que arraste pelo Chão pedroso e pardo
chapas de Cobre, sinos e badalos.

JOÃO GRILO: Assim, com o Raio e o cobre percutido,
tropel de cascos, sangue do Castanho,
talvez se finja o som de Ouro fundido

CHICÓ: que, em vão – Sangue insensato e vagabundo —
tentei forjar, no meu Cantar estranho,
à tez da minha Fera e ao Sol do Mundo!

(O Mateus, o Birico e a Catirina começam a ver a cidade encantada e o grupo do xaxado aparece em posição para começar a dançar.)

MATEUS: Espia Birico, deu certo! A cidade apareceu!
E com ela o xaxado resplandeceu!

JOÃO GRILO: Gente, quanta emoção!
A minha alegria vai se tornar numa grande explosão!

CHICÓ: A cidade apareceu e o xaxado também
E que os anjos digam amém

BIRICO: Vou falar do meu lugar
Terra de cabra da peste
Terra de homem valente
Do sertão e do agreste
Terra do mandacaru
Do nosso maracatu
Meu lugar é o Nordeste!

CATIRINA: Meu Nordeste tem riquezas
Só encontradas aqui
Sua música, sua dança
Sua gente que sorri
Nosso povo tem bravura
Tem tradição, tem cultura
Do Rio Grande do Norte  ao Piauí.

O GRUPO DE XAXADO COMEÇA A DANÇAR E TODOS ENTRAM NA DANÇA

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